Em meio a uma crise no National Health Service (NHS), o sistema público de saúde britânico, o governo do Reino Unido busca inspiração em um modelo brasileiro para reverter o cenário: a Estratégia Saúde da Família (ESF), baseada no trabalho de agentes comunitários de saúde. A informação foi publicada nesta segunda-feira (7) pelo jornal The Telegraph, que destacou os avanços do Sistema Único de Saúde (SUS) em regiões carentes do Brasil.
Por que o Reino Unido está de olho no SUS?
O NHS, sob pressão por longas filas e dificuldade de acesso a médicos, iniciou um projeto piloto em Pimlico, bairro de Londres, replicando aspectos do modelo brasileiro. A iniciativa, que deve ser expandida para25 regiões da Inglaterra, tem como objetivo:
Reduzir a sobrecarga hospitalar com prevenção primária
Melhorar o acesso a serviços básicos de saúde
Fortalecer o vínculo entre profissionais e comunidade
Segundo o Telegraph, o ministro da Saúde britânico, Wes Streeting, do Partido Trabalhista, assinou uma carta de intenções com o Brasil após enviar representantes ao Rio de Janeiro para conhecer o programa. O plano final, com inspiração no SUS, será divulgado em junho de 2025.
O segredo dos agentes comunitários brasileiros
Implementada nos anos 1990, a ESF mobiliza profissionais que vivem nas comunidades que atendem. Sem formação superior em saúde, eles recebem treinamento para:
Realizar visitas domiciliares
Orientar sobre prevenção de doenças
Encaminhar casos complexos para unidades de saúde
A reportagem britânica destacou casos em Duque de Caxias (RJ) e Manaus (AM), onde agentes enfrentam desafios como violência e distâncias geográficas, mas conseguem melhorar indicadores como mortalidade infantil e vacinação.
Desafios para replicar o modelo no Reino Unido
Apesar do interesse, o Telegraph questiona se a cultura comunitária britânica permitiria a mesma adesão que no Brasil:
“Será que uma batida na porta seria bem-vinda em bairros de Londres como é nas favelas brasileiras?”
Matthew Harris, médico britânico que trabalhou no SUS em Pernambuco e agora assessora o NHS, defende a adaptação:
“A essência do modelo — prevenção e proximidade — é universal. O Reino Unido pode ajustá-lo à sua realidade.”
Próximos passos
Junho/2025: Plano de reforma do NHS será publicado
Expansão do piloto para mais 25 áreas na Inglaterra
Parceria com Brasil para troca de experiências
Fontes: The Telegraph, Ministério da Saúde do Brasil, Imperial College London